quarta-feira, 6 de junho de 2012

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Jonathan Safran Foer

Um dos principais nomes da literatura americana atual, enfrentou um dilema para parar de comer carne; mas resolveu tirá-la de vez da sua dieta

O escritor americano Jonathan Safran Foer não é um vegetariano do tipo radical. Parar de comer carne, para ele, não foi uma decisão simples, dessas que se tomam de uma hora para outra. Fã confesso do sabor da carne e das memórias afetivas evocadas por um bife bem preparado, ele entrou em certa “crise alimentar” quando começou a indagar mais sobre os processos que envolvem um pedaço de filé até ele, de fato, chegar ao nosso prato. Mas nem sempre era muito contundente e acabava, vez por outra, por se render a um hambúrguer ou a um frango assado.

Sua decisão de parar efetivamente de comer carne só foi tomada quando ele descobriu que iria ser pai. Foi aí que tudo se iluminou: como as crianças aprendem pelo exemplo, principalmente dos pais, Foer resolveu ser um ótimo exemplo para seu filho e passou a buscar argumentos mais incisivos para uma dieta sem proteína animal. “Em meus três anos de pesquisas eu aprendi muito sobre os efeitos da carne na saúde humana e no planeta – assim como seu efeito nos próprios animais – para me sentir apto a comer proteína animal de novo. É a pior coisa que fazemos ao meio ambiente”, disse em conversa com a VIDA SIMPLES, de Nova York, onde mora.

O escritor se refere aos maus tratos com que os animais são criados para a produção de alimentos nos EUA e que ele relata em seu livro Comer Animais, a ser lançado agora em janeiro no Brasil. Em seus relatos, ele cita estudos científicos que sugerem a contaminação das galinhas criadas em granjas por bactérias das fezes, que comprovam os maus tratos por que passam os porcos que ficam sempre presos para não atacarem uns aos outros e que indicam que parte do gado é cortada enquanto ainda está consciente.

A indústria da carne, de acordo com as pesquisas que aponta, é responsável pela morte anual de cerca de 450 bilhões de animais terrestres e contribui 40% mais para o aquecimento global do que todo o transporte do planeta. “Eu descobri que os tipos de fazenda que a maioria de nós imagina quando pensa na criação de animais estão, por todos os interesses e razões, mortos.” Não há vacas pastando tranquilas e galinhas ciscando nas fazendas industriais dos EUA. “Por isso, está na hora de adotarmos novas medidas e práticas”, defende.

A saída de Foer foi abolir – não sem pesar – a carne do prato. “Eu não acho que as pessoas vão todas parar de comer proteí na animal logo. Mas acredito que deve haver um movimento global sobre a quantidade de carne que frequentemente consumimos à medida que as pessoas passarem a pensar mais sobre isso”, diz. “E, assim, não estaremos mais rodeados de 50 milhões de animais confinados em situações lamentáveis.”

Edições Anteriores Oescritor americano Jonathan Safran Foer não é um vegetariano do tipo radical. Parar de comer carne, para ele, não foi uma decisão simples, dessas que se tomam de uma hora para outra. Fã confesso do sabor da carne e das memórias afetivas evocadas por um bife bem preparado, ele entrou em certa “crise alimentar” quando começou a indagar mais sobre os processos que envolvem um pedaço de filé até ele, de fato, chegar ao nosso prato. Mas nem sempre era muito contundente e acabava, vez por outra, por se render a um hambúrguer ou a um frango assado.

Sua decisão de parar efetivamente de comer carne só foi tomada quando ele descobriu que iria ser pai. Foi aí que tudo se iluminou: como as crianças aprendem pelo exemplo, principalmente dos pais, Foer resolveu ser um ótimo exemplo para seu filho e passou a buscar argumentos mais incisivos para uma dieta sem proteína animal. “Em meus três anos de pesquisas eu aprendi muito sobre os efeitos da carne na saúde humana e no planeta – assim como seu efeito nos próprios animais – para me sentir apto a comer proteína animal de novo. É a pior coisa que fazemos ao meio ambiente”, disse em conversa com a VIDA SIMPLES, de Nova York, onde mora.

O escritor se refere aos maus tratos com que os animais são criados para a produção de alimentos nos EUA e que ele relata em seu livro Comer Animais, a ser lançado agora em janeiro no Brasil. Em seus relatos, ele cita estudos científicos que sugerem a contaminação das galinhas criadas em granjas por bactérias das fezes, que comprovam os maus tratos por que passam os porcos que ficam sempre presos para não atacarem uns aos outros e que indicam que parte do gado é cortada enquanto ainda está consciente.

A indústria da carne, de acordo com as pesquisas que aponta, é responsável pela morte anual de cerca de 450 bilhões de animais terrestres e contribui 40% mais para o aquecimento global do que todo o transporte do planeta. “Eu descobri que os tipos de fazenda que a maioria de nós imagina quando pensa na criação de animais estão, por todos os interesses e razões, mortos.” Não há vacas pastando tranquilas e galinhas ciscando nas fazendas industriais dos EUA. “Por isso, está na hora de adotarmos novas medidas e práticas”, defende.

A saída de Foer foi abolir – não sem pesar – a carne do prato. “Eu não acho que as pessoas vão todas parar de comer proteí na animal logo. Mas acredito que deve haver um movimento global sobre a quantidade de carne que frequentemente consumimos à medida que as pessoas passarem a pensar mais sobre isso”, diz. “E, assim, não estaremos mais rodeados de 50 milhões de animais confinados em situações lamentáveis.”

Por Rafael Tonon
Fonte:
Vida Simples


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segunda-feira, 6 de junho de 2011

De volta ao campo

Atraídos por formas mais naturais de lidar com o cultivo, produtores franceses – e brasileiros – decidem fincar o pé na sua própria terra

É, parece mesmo que estamos diante de uma nova e efervescente tendência mundial: cada vez mais pessoas estão decididas a encarar o desafio de cultivar a própria terra de forma mais natural, seja sozinho, seja em comunidades organizadas. E vários comerciantes estão dispostos a ajudar nessa revitalização da agricultura que preconiza a forma mais orgânica de lidar com o plantio: o chef do restaurante que só compra produtos locais, os supermercados que disponibilizam cada vez mais produtos desse tipo e as lojas que comercializam exclusivamente itens orgânicos ou sustentáveis. Já nas fazendas e sítios, filhos e netos dos proprietários originais partem para uma nova fase, envolvida não só na produção mas também em formas mais especializadas de cultivo e comercialização desses produtos.

O curioso é que muitos desses atuais produtores que hoje se voltam para uma relação mais respeitosa com a terra exerciam profissões liberais em grandes centros urbanos, talvez como eu ou você, e não tinham nada a ver com agricultura ou criação de animais. Mas, em um dado momento da vida, resolveram se aventurar no campo. Ou, por serem herdeiros de negócios rurais, decidiram assumir o posto para modernizá-los ou reinventá-los. Há ainda uma terceira vertente dessa mudança, que são os produtores que nunca abandonaram sua terra, gente simples, mas atenta à mudança do mercado, que decidiu investir numa produção mais especializada.

O ponto de partida dessa nova tendência, além da expansão do mercado dos orgânicos, é a valorização cada vez maior do produto artesanal de qualidade. O interesse por eles aumenta a cada dia nas lojas e mercadinhos. Essa mudança de comportamento aconteceu ao longo dos últimos dez anos, quando os pequenos produtores rurais perceberam que produtos artesanais, orgânicos ou biodonâmicos se tornaram a coqueluche dos que querem se alimentar de uma maneira mais natural. São esses consumidores mais conscientes que estão na outra ponta do ciclo e que ajudam os produtores que querem conservar as tradições culinárias e que buscam melhores benefícios e qualidade de vida para todos.

Ligados a uma região e a um sabor local, eles nos levam a nos identificarmos com o meio rural: a fazenda, a cidadezinha ou a família que os produz. Fabricar ou comprar alimentos produzidos dessa maneira significa uma forma de rejeitar a padronização que a indústria agroalimentar vem impondo no decorrer das décadas. E, nesse planeta onde tudo se uniformiza, quem começa a despontar agora é a exceção. “O singular fi- cou cheio de meandros”, diz o sociólogo da alimentação Carlos Alberto Dória. Segundo ele, a globalização fez atiçar os sabores locais que fogem da produção seriada da indústria, preocupada em fazer dos alimentos que brotam da terra produtos apinhados nas fábricas. “Quando investimos em alimentos diferenciados, é como se construíssemos nossa própria identidade”, afirma. A França vem preconizando uma nova onda na gastronomia mundial ao valorizar o apreço pelos ingredientes e métodos naturais que a tornaram uma referência na cultura da alimentação. Conheça, nas próximas páginas, exemplos de produtores de lá – e daqui! – que, através dessa sensível mudança na forma de encarar o cultivo, estão causando uma verdadeira revolução na agricultura atual. Da qual, inclusive, devemos fazer cada vez mais parte.


Açafrão azul
Cansada da vida agitada, a francesa Agnès Devijver decidiu, em 1994, investir no cultivo de açafrão em Touraine, região com grande reputação na produção dessa especiaria, produzida ali desde o século 16. Como o açafrão verdadeiro, que nada tem a ver com aquele pó amarelo em saquinho dos supermercados, é o pistilo de lindas flores azul-lilases, o cultivo da especiaria deve ser delicado e minucioso. A colheita das flores necessita de um cuidado todo especial para conservar os preciosos pistilos vermelhos inteiros. Em seguida é necessário retirá-los com muito zelo e secá-los a uma temperatura constante de 50 °C. “Se a secagem não for perfeita, os pistilos correm o risco de se umidificarem e mofarem. E todo o trabalho é perdido!”, diz Agnès.

Para se ter uma ideia da preciosidade desse cultivo, são necessárias 150 mil flores azuis de açafrão para se conseguir 1 quilo da especiaria, a mais cara do mundo – 1 quilo custa em torno de 30 mil euros. “Muita gente que quer mudar de vida, sair da cidade e se instalar no campo pensa em investir no açafrão por causa do seu elevado custo de venda”, diz a produtora. O produto é visto como uma galinha dos ovos de ouro, mas as pessoas se esquecem de que o trabalho exige muita atenção, delicadeza e dedicação. “É por isso que o produto é tão caro”, afirma ela.

As coisas deram tão certo para Agnès que ela não pensa em voltar para sua vida de antes. Mas avisa: “Acho que a primeira coisa que as pessoas que pretendem trabalhar com agricultura orgânica devem fazer é tentar adequar o cultivo à sua personalidade e estilo de vida. Pessoas que querem cultivar o açafrão, por exemplo, devem ser pacientes, meticulosas, cuidadosas e persistentes. Senão, não adianta insistir”.


Do grão ao pão
Outro significativo exemplo francês mostra como as coisas estão mudando no continente europeu. Jean- Luc Desplat, um agricultor de cereais do vale do Loire, decidiu cuidar de todas as etapas que envolvem o ciclo de produção, fabricação e comercialização do pão que faz artesanalmente. Isto é, Jean-Luc planta e colhe o trigo, prepara o pão e o comercializa. A medida, diz ele, serve para garantir a excelência do seu produto.

O curioso é que, 20 anos atrás, ele estava disposto a praticar uma agricultura intensa na fazenda que tinha herdado dos seus pais. Nos seus planos estava a utilização de agrotóxicos, sementes ultrarrentáveis e tratores novinhos em folha. Ele mudou drasticamente de opinião após ter sido voluntário em um serviço humanitário em Benim, país do continente africano. “Abandonei o sonho de querer ficar rico com a agricultura. Na África aprendi que podemos viver com quase nada e ser perfeitamente felizes”, diz.

Hoje, num esquema muito simples, o agricultor-padeiro planta e colhe 120 variedades originais de trigo orgânico com tratores emprestados pelo irmão na época de colheita. “Decidi respeitar a memória natural das plantas não utilizando sementes trabalhadas geneticamente pelo homem”, afirma. Depois da colheita do trigo, o processo continua com o grão virando farinha num moinho de pedra, como nos tempos medievais. E depois chega a hora de fazer o pão. A massa é feita com farinha orgânica e fermento natural, com o acréscimo de sementes de gergelim ou girassol. Os pães são assados em fogão a lenha e depois expostos na padaria local para comercialização.

E, para dividir sua experiência com aqueles que desejam investir nesse novo modo de vida, o padeiro organiza em sua casa reuniões que costuma chamar de “encontros criativos”. São estágios de vivência na fazenda, que incluem a aprendizagem da fabricação de seus pães.


Comida local
Essa nova mentalidade também conduziu o chef de cozinha Gilles Le Gallès a montar o cardápio de seu restaurante de acordo com os ingredientes que os pequenos produtores rurais fabricam na sua região, a Bretanha, noroeste da França. Após anos de trabalho em restaurantes parisienses estrelados, ele decidiu voltar para o interior e chefiar o Les Jardins Sauvages, restaurante que fica no hotelspa sustentável La Grée des Landes, na pequena cidade de La Gacilly. Em sua cozinha, Gilles concebe um menu 90% orgânico, feito exclusivamente com produtos locais. Essa é uma iniciativa de cooperação regional entre estabelecimentos turísticos e comercias com agricultores e criadores de animais. Ela beneficia a economia local e, por tabela, a conservação dos produtos tradicionais da região.

Gilles tem uma horta orgânica bem na frente do restaurante e a exibe com orgulho como demonstração prática de seus princípios. Ele sabe quando as frutas e legumes vão estar maduros ou pode se programar por duas semanas para colher espinafres, abóboras ou pimentões. O queijo de cabra é comprado do queijeiro da colina ao lado e as delicadas galetes (ou crepes, para nós) são feitas com o típico trigo sarraceno da região. Os vôngoles selvagens chegam das mãos do pescador do costa mais próxima e, na cozinha de Gilles, eles são temperados com as cebolinhas do jardim. “Eu ajudo meus fornecedores, que são meus vizinhos, a ficarem por aqui e investirem na região”, conta o chef. “Esse verão, por exemplo, auxiliamos nosso produtor de legumes a lutar com métodos alternativos contra uma praga, colocando-o em contato com uma associação de agricultores orgânicos.”

Gilles também conseguiu convencer o padeiro da cidade a comercializar pães orgânicos. E, ao lado dos produtores locais, busca uma solução para o problema da falta de polinização das flores, ligada à extinção das abelhas. “O meu trabalho, além de atuar como um chef, é me envolver na comunidade. O que eu faço na cozinha é nada mais do que continuar o trabalho dos meus vizinhos, valorizando seus produtos”, conclui.


A nossa vez
No Brasil também podemos ver os passos cada vez mais largos desse movimento, que começou com algumas iniciativas de alguns pequenos produtores. Em 1974, por exemplo, surgiu a primeira fazenda biodinâmica brasileira, a Estância Demétria, em Botucatu, interior de São Paulo. Na agricultura biodinâmica, as plantas são fortificadas com preparados homeopáticos, feitos pelos próprios agricultores. E os ciclos de plantação e colheita respeitam até o calendário lunar.

O casal Maria José e Francisco Carlos Viesi resolveu produzir alguns dos alimentos cultivados no sítio Terra Mãe, em Joaquim Egídio, distrito de Campinas (SP), seguindo essa filosofia. Empresários de suprimentos para o setor de saúde, resolveram investir na outra ponta do processo ao produzir alimentos naturais e mais saudáveis. “As pessoas hoje vivem presas no escritório o dia inteiro e mal têm tempo para comer, se preocupam muito pouco com isso”, diz Zezé. Depois de passar mais de dez anos vendo de perto as doenças, ela percebeu que nossa relação com a alimentação também está carecendo de cuidados. “Ao produzir orgânicos e biodinâmicos, queremos ensinar a importância de manipular aquilo que comemos, sendo mais conscientes do que levamos à mesa”, afirma. Ainda em fase de testes, a propriedade investe na produção de alimentos tão diversos quanto caqui, alface, tomate, acerola, entre outros. E ainda promove encontros tanto para produtores quanto para cozinheiras e crianças, que aprendem a valorizar o alimento desde cedo.

Nessa mesma linha de cooperação regional, a Família Orgânica, microempresa que apostou na agricultura natural e na permacultura, começou quando Dercílio Pupin decidiu se mudar para uma fazenda em Campinas para criar os filhos. Hoje existem mais de 700 famílias envolvidas direta ou indiretamente na produção dos alimentos comercializados pela empresa. Além dos proprietários do sítio Terra Mãe, a Família Orgânica já possui cerca de outros 20 produtores ligados à sua rede, que trabalham em família, com apoio da comunidade e associações ou cooperativas para produzir e vender seus produtos nas próprias fazendas, em feirinhas ou lojas especializadas.

"Comer"Edições Anteriores É, parece mesmo que estamos diante de uma nova e efervescente tendência mundial: cada vez mais pessoas estão decididas a encarar o desafio de cultivar a própria terra de forma mais natural, seja sozinho, seja em comunidades organizadas. E vários comerciantes estão dispostos a ajudar nessa revitalização da agricultura que preconiza a forma mais orgânica de lidar com o plantio: o chef do restaurante que só compra produtos locais, os supermercados que disponibilizam cada vez mais produtos desse tipo e as lojas que comercializam exclusivamente itens orgânicos ou sustentáveis. Já nas fazendas e sítios, filhos e netos dos proprietários originais partem para uma nova fase, envolvida não só na produção mas também em formas mais especializadas de cultivo e comercialização desses produtos.

O curioso é que muitos desses atuais produtores que hoje se voltam para uma relação mais respeitosa com a terra exerciam profissões liberais em grandes centros urbanos, talvez como eu ou você, e não tinham nada a ver com agricultura ou criação de animais. Mas, em um dado momento da vida, resolveram se aventurar no campo. Ou, por serem herdeiros de negócios rurais, decidiram assumir o posto para modernizá-los ou reinventá-los. Há ainda uma terceira vertente dessa mudança, que são os produtores que nunca abandonaram sua terra, gente simples, mas atenta à mudança do mercado, que decidiu investir numa produção mais especializada.

O ponto de partida dessa nova tendência, além da expansão do mercado dos orgânicos, é a valorização cada vez maior do produto artesanal de qualidade. O interesse por eles aumenta a cada dia nas lojas e mercadinhos. Essa mudança de comportamento aconteceu ao longo dos últimos dez anos, quando os pequenos produtores rurais perceberam que produtos artesanais, orgânicos ou biodonâmicos se tornaram a coqueluche dos que querem se alimentar de uma maneira mais natural. São esses consumidores mais conscientes que estão na outra ponta do ciclo e que ajudam os produtores que querem conservar as tradições culinárias e que buscam melhores benefícios e qualidade de vida para todos.

Ligados a uma região e a um sabor local, eles nos levam a nos identificarmos com o meio rural: a fazenda, a cidadezinha ou a família que os produz. Fabricar ou comprar alimentos produzidos dessa maneira significa uma forma de rejeitar a padronização que a indústria agroalimentar vem impondo no decorrer das décadas. E, nesse planeta onde tudo se uniformiza, quem começa a despontar agora é a exceção. “O singular fi- cou cheio de meandros”, diz o sociólogo da alimentação Carlos Alberto Dória. Segundo ele, a globalização fez atiçar os sabores locais que fogem da produção seriada da indústria, preocupada em fazer dos alimentos que brotam da terra produtos apinhados nas fábricas. “Quando investimos em alimentos diferenciados, é como se construíssemos nossa própria identidade”, afirma. A França vem preconizando uma nova onda na gastronomia mundial ao valorizar o apreço pelos ingredientes e métodos naturais que a tornaram uma referência na cultura da alimentação. Conheça, nas próximas páginas, exemplos de produtores de lá – e daqui! – que, através dessa sensível mudança na forma de encarar o cultivo, estão causando uma verdadeira revolução na agricultura atual. Da qual, inclusive, devemos fazer cada vez mais parte.


Açafrão azul
Cansada da vida agitada, a francesa Agnès Devijver decidiu, em 1994, investir no cultivo de açafrão em Touraine, região com grande reputação na produção dessa especiaria, produzida ali desde o século 16. Como o açafrão verdadeiro, que nada tem a ver com aquele pó amarelo em saquinho dos supermercados, é o pistilo de lindas flores azul-lilases, o cultivo da especiaria deve ser delicado e minucioso. A colheita das flores necessita de um cuidado todo especial para conservar os preciosos pistilos vermelhos inteiros. Em seguida é necessário retirá-los com muito zelo e secá-los a uma temperatura constante de 50 °C. “Se a secagem não for perfeita, os pistilos correm o risco de se umidificarem e mofarem. E todo o trabalho é perdido!”, diz Agnès.

Para se ter uma ideia da preciosidade desse cultivo, são necessárias 150 mil flores azuis de açafrão para se conseguir 1 quilo da especiaria, a mais cara do mundo – 1 quilo custa em torno de 30 mil euros. “Muita gente que quer mudar de vida, sair da cidade e se instalar no campo pensa em investir no açafrão por causa do seu elevado custo de venda”, diz a produtora. O produto é visto como uma galinha dos ovos de ouro, mas as pessoas se esquecem de que o trabalho exige muita atenção, delicadeza e dedicação. “É por isso que o produto é tão caro”, afirma ela.

As coisas deram tão certo para Agnès que ela não pensa em voltar para sua vida de antes. Mas avisa: “Acho que a primeira coisa que as pessoas que pretendem trabalhar com agricultura orgânica devem fazer é tentar adequar o cultivo à sua personalidade e estilo de vida. Pessoas que querem cultivar o açafrão, por exemplo, devem ser pacientes, meticulosas, cuidadosas e persistentes. Senão, não adianta insistir”.


Do grão ao pão
Outro significativo exemplo francês mostra como as coisas estão mudando no continente europeu. Jean- Luc Desplat, um agricultor de cereais do vale do Loire, decidiu cuidar de todas as etapas que envolvem o ciclo de produção, fabricação e comercialização do pão que faz artesanalmente. Isto é, Jean-Luc planta e colhe o trigo, prepara o pão e o comercializa. A medida, diz ele, serve para garantir a excelência do seu produto.

O curioso é que, 20 anos atrás, ele estava disposto a praticar uma agricultura intensa na fazenda que tinha herdado dos seus pais. Nos seus planos estava a utilização de agrotóxicos, sementes ultrarrentáveis e tratores novinhos em folha. Ele mudou drasticamente de opinião após ter sido voluntário em um serviço humanitário em Benim, país do continente africano. “Abandonei o sonho de querer ficar rico com a agricultura. Na África aprendi que podemos viver com quase nada e ser perfeitamente felizes”, diz.

Hoje, num esquema muito simples, o agricultor-padeiro planta e colhe 120 variedades originais de trigo orgânico com tratores emprestados pelo irmão na época de colheita. “Decidi respeitar a memória natural das plantas não utilizando sementes trabalhadas geneticamente pelo homem”, afirma. Depois da colheita do trigo, o processo continua com o grão virando farinha num moinho de pedra, como nos tempos medievais. E depois chega a hora de fazer o pão. A massa é feita com farinha orgânica e fermento natural, com o acréscimo de sementes de gergelim ou girassol. Os pães são assados em fogão a lenha e depois expostos na padaria local para comercialização.

E, para dividir sua experiência com aqueles que desejam investir nesse novo modo de vida, o padeiro organiza em sua casa reuniões que costuma chamar de “encontros criativos”. São estágios de vivência na fazenda, que incluem a aprendizagem da fabricação de seus pães.


Comida local
Essa nova mentalidade também conduziu o chef de cozinha Gilles Le Gallès a montar o cardápio de seu restaurante de acordo com os ingredientes que os pequenos produtores rurais fabricam na sua região, a Bretanha, noroeste da França. Após anos de trabalho em restaurantes parisienses estrelados, ele decidiu voltar para o interior e chefiar o Les Jardins Sauvages, restaurante que fica no hotelspa sustentável La Grée des Landes, na pequena cidade de La Gacilly. Em sua cozinha, Gilles concebe um menu 90% orgânico, feito exclusivamente com produtos locais. Essa é uma iniciativa de cooperação regional entre estabelecimentos turísticos e comercias com agricultores e criadores de animais. Ela beneficia a economia local e, por tabela, a conservação dos produtos tradicionais da região.

Gilles tem uma horta orgânica bem na frente do restaurante e a exibe com orgulho como demonstração prática de seus princípios. Ele sabe quando as frutas e legumes vão estar maduros ou pode se programar por duas semanas para colher espinafres, abóboras ou pimentões. O queijo de cabra é comprado do queijeiro da colina ao lado e as delicadas galetes (ou crepes, para nós) são feitas com o típico trigo sarraceno da região. Os vôngoles selvagens chegam das mãos do pescador do costa mais próxima e, na cozinha de Gilles, eles são temperados com as cebolinhas do jardim. “Eu ajudo meus fornecedores, que são meus vizinhos, a ficarem por aqui e investirem na região”, conta o chef. “Esse verão, por exemplo, auxiliamos nosso produtor de legumes a lutar com métodos alternativos contra uma praga, colocando-o em contato com uma associação de agricultores orgânicos.”

Gilles também conseguiu convencer o padeiro da cidade a comercializar pães orgânicos. E, ao lado dos produtores locais, busca uma solução para o problema da falta de polinização das flores, ligada à extinção das abelhas. “O meu trabalho, além de atuar como um chef, é me envolver na comunidade. O que eu faço na cozinha é nada mais do que continuar o trabalho dos meus vizinhos, valorizando seus produtos”, conclui.


A nossa vez
No Brasil também podemos ver os passos cada vez mais largos desse movimento, que começou com algumas iniciativas de alguns pequenos produtores. Em 1974, por exemplo, surgiu a primeira fazenda biodinâmica brasileira, a Estância Demétria, em Botucatu, interior de São Paulo. Na agricultura biodinâmica, as plantas são fortificadas com preparados homeopáticos, feitos pelos próprios agricultores. E os ciclos de plantação e colheita respeitam até o calendário lunar.

O casal Maria José e Francisco Carlos Viesi resolveu produzir alguns dos alimentos cultivados no sítio Terra Mãe, em Joaquim Egídio, distrito de Campinas (SP), seguindo essa filosofia. Empresários de suprimentos para o setor de saúde, resolveram investir na outra ponta do processo ao produzir alimentos naturais e mais saudáveis. “As pessoas hoje vivem presas no escritório o dia inteiro e mal têm tempo para comer, se preocupam muito pouco com isso”, diz Zezé. Depois de passar mais de dez anos vendo de perto as doenças, ela percebeu que nossa relação com a alimentação também está carecendo de cuidados. “Ao produzir orgânicos e biodinâmicos, queremos ensinar a importância de manipular aquilo que comemos, sendo mais conscientes do que levamos à mesa”, afirma. Ainda em fase de testes, a propriedade investe na produção de alimentos tão diversos quanto caqui, alface, tomate, acerola, entre outros. E ainda promove encontros tanto para produtores quanto para cozinheiras e crianças, que aprendem a valorizar o alimento desde cedo.

Nessa mesma linha de cooperação regional, a Família Orgânica, microempresa que apostou na agricultura natural e na permacultura, começou quando Dercílio Pupin decidiu se mudar para uma fazenda em Campinas para criar os filhos. Hoje existem mais de 700 famílias envolvidas direta ou indiretamente na produção dos alimentos comercializados pela empresa. Além dos proprietários do sítio Terra Mãe, a Família Orgânica já possui cerca de outros 20 produtores ligados à sua rede, que trabalham em família, com apoio da comunidade e associações ou cooperativas para produzir e vender seus produtos nas próprias fazendas, em feirinhas ou lojas especializadas.

texto Clarissa Alves Secondi e Rafael Tonon design Rita Carvalho
fonte:
Vida Simples


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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Segunda Sem Carne na Virada Sustentável em S. Paulo

Precisamos mobilizar as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesias de Portugal!!!!



Em São Paulo , Nos dias 04 e 05 de Junho haverá mobilização da Campanha Segunda Sem Carne, organizada em São Paulo pela Sociedade Vegetariana Brasileira com apoio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

Palestras, quiosques temáticos e vídeos serão disponibilizados no Conjunto Nacional, na entrada da Alameda Santos, para os interessados em conhecer o tema.

A Campanha se propõe a conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de carne para alimentação tem sobre o meio ambiente, a saúde humana e os animais, convidando-as a tirar a carne do prato uma vez por semana e a descobrir novos sabores.

Veja as atividades da campanha na Livraria Cultura:

- 04/06 e 05/06 (durante todo o dia): Quiosque montado na entrada da Alameda Santos com explicação da Campanha, fundamentos e dicas, distribuição e venda de artigos da Campanha e degustação de comidas sem carne.

- 04/06 (18h às 22h): Bate-papos com especialistas na Sala de Cursos da Livraria Cultura Arte. Aqui os participantes terão a oportunidade de conhecer mais sobre os motivos para aderir à campanha. Cada especialista se aprofundará em um tema relacionado ao consumo de carnes, conforme a programação:

. 18h - Meio ambiente e consumo de carnes: qual a relação?
Guilherme Carvalho (Biólogo e Gerente de Campanhas da HSI no Brasil e Coordenador do Departamento de Meio Ambiente da SVB)
. 18h45 - Benefícios da alimentação sem carne
Dr. Eric Slywitch (Médico nutrólogo e Coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da SVB)
. 19h30 - Cultura de paz e qualidade de vida
Dr. Celso Galhardo Monteiro (Médico homeopata e antroposófico e professor de Qualidade de Vida do Brahma Kumaris)
. 20h15 - Alimentação na infância
Ana Ceregatti (Nutricionista)
. 21h - Comer animais? Uma discussão sobre ética e comportamento
Natália Albuquerque (Bióloga e mestranda em psicologia experimental com ênfase em comportamento animal na Universidade de São Paulo)

Fonte:
Prefeitura de São Paulo


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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Apresentado e narrado por:
William Shatner (ator, "Jornada nas Estrelas - Capitão Kirk")
Documentário do início da década de 80.

O MUNDO VEGETARIANO é uma visão geral da história e das práticas do vegetarianismo pelo mundo. Nós vemos tanto filmagens de arquivo de vegetarianos famosos como Leo Tolstoy, George Bernard Shaw e Mahatma Ghandi, e vegetarianos contemporâneos incluindo Isaac Bashevis Singer, Frances Moore Lappé, e William Shatner, o anfitrião e narrador do filme. O documentário examina a variedade de motivos para o vegetarianismo incluindo saúde, economia, e consciência social, e mostra a diversidade dos estilos de vida vegetarianos.

Jonathan-Kay Production
Narrator: William Shatner










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